O Tejo está verde (C/ÁUDIO) – Rádio Tágide

O Tejo está verde (C/ÁUDIO)

O rio Tejo tem estado, por estes dias, “pintado” de verde nas margens e, principalmente junto à barragem de Belver. Entre as fotografias nas redes sociais de denúncia da situação ou com perguntas sobre o que se passa, os ambientalistas já denunciaram a situação.

O que se passa é que, em Espanha, as grandes barragens estão com cotas muito baixas, face aos meses de produção de eletricidade. E com estas cotas mais baixas, com a diminuição dos caudais os lodos e nutrientes associados a um tratamento deficitário de águas residuais em território espanhol e a que se juntam as temperaturas elevadas criam esta “invasão” de algas.

De acordo com Paulo Constantino, porta-voz do movimento proTEJO, é disto que se trata. Uma invasão de algas que se agrava com os baixos caudais e que acaba por se concentrar junto à barragem de Belver, onde a água fica em represa.

Paulo Constantino disse que este é um problema do rio Ponsul e que agora se estende ao Tejo. E a solução passa por aumentar os caudais para “limpar” as águas. São situações que acontecem regularmente mais a montante, mas que este ano “desceram” até esta zona como se pode ver nas fotos que a Antena Livre registou na zona de Belver. Pode ver-se a concentração “verde” junto às margens.

Paulo Constantino, Movimento proTejo

Paulo Constantino revela que esta é uma situação que só se resolve com uma alteração de fundo na base do acordo ibérico para a gestão dos rios.

Em abril e maio as barragens espanholas, onde se inclui a de Alcantara, estavam cheias e com um encaixe acima dos 85%. Hoje, de acordo com o ambientalista, estão com capacidades abaixo dos 40% porque têm estado a esvaziar para a produção de eletricidade que não tem parado. E é aqui que entroncam os problemas dos caudais mínimos do Tejo.

Paulo Constantino revelou a necessidade, cada vez mais urgente, de alterar os acordos para o Tejo tenha um caudal mínimo regular e não apenas um caudal mínimo semanal que pode ter um dia com descargas elevadas e cinco ou seis dias “secos”. Cria problemas à agricultura, nomeadamente entre a Barragem de Belver e a foz do Zêzere, em Constância.

Há, por isso, uma necessidade de rever as políticas de gestão de caudais entre Portugal e Espanha.

Quanto ao Tejo com as algas verde não há, diz Paulo Constantino, muito a fazer a não ser esperar que uma ou duas “tejadas” maiores possam fazer dispersar as algas e lodos. Pode até existir uma ou outra ação de limpeza, mas não adiantará de muito, explicou, uma vez que estas algas e lodos vão sendo arrastados de Espanha e ficam concentradas nestes locais.

Fonte da notícia: Jornal de Abrantes