Abrantes: Museu Ibérico de Arqueologia e Arte inaugurado (C/ÁUDIO E FOTOS) – Rádio Tágide

Abrantes: Museu Ibérico de Arqueologia e Arte inaugurado (C/ÁUDIO E FOTOS)

A ideia inicial começou há mais de 15 anos. O projeto era muito mais ambicioso e impactante na paisagem de Abrantes. O investimento era muito superior aos 6,3 milhões de euros que foram gastos.

Mas a base era e é a mesma. Um Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA) em Abrantes que junta o passado mais longínquo (pré-história) à arte contemporânea e ao futuro. E tudo junto num edifício, também ele carregado de história, que agora fica totalmente requalificado.

Trata-se do Convento de S. Domingos (edificado no século XVI), que como o nome indica foi convento, depois foi aquartelamento militar, voltou para diversas atividades concelhias. Uma das alas foi transformada na biblioteca António Botto e, agora, todo o restante espaço, interior dos claustros incluídos, ganharam cor, na maior parte das superfícies o branco, e ganharam vida com esta mistura de história e arte.

Comecemos pela apresentação simples e simplista. O MIAA, inaugurado neste dia 8 de dezembro de 2021, acolhe o acervo municipal de arqueologia e arte, a coleção da pintora Maria Lucília Moita (doada ao Município) e a coleção privada de João Estrada (cedida) deram corpo a uma parte deste novo Museu.

Estas três coleções permanentes estão representadas nas salas de escultura romana, pré-história, idades do bronze e do ferro, antiguidade e tesouro (onde estão muitas peças de ourivesaria desde a pré-história), arte da idade média e moderna, escultura da idade média e renascimento em Abrantes e a obra de Maria Lucília Moita.

Depois o MIAA tem um conjunto de outras salas que acolhem coleções temporárias. Neste âmbito, à data de abertura o Museu conta com a Coleção de Arte Contemporânea do Estado, em três salas, e a Coleção de Arte Contemporânea Figueiredo Ribeiro, noutras duas salas.

Naturalmente, pela sua dimensão, o MIAA apresenta ainda outros espaços de serviços educativos com cerca de 80 metros quadrados e capacidade para 30 pessoas, zona do Claustro com elementos gráficos da história do Convento onde está instalado e um espaço exterior sobre a cisterna que permite a realização de exposições ou eventos de ar livre.

Se a obra de requalificação do Convento de S. Domingos teve a assinatura do arquiteto Carrilho da Graça o projeto de museologia contou com as participações de Fernando António Batista Pereira, Luiz Oosterbeck e ainda com as equipas do Município de Abrantes.

A curadoria da exposição de Maria Lucília Moita é de Fernando António Batista Pereira e a da Coleção Figueiredo Ribeiro é de Ana Anacleto e João Silvério e junta obras de artistas portugueses e estrangeiros.

Quanto à coleção de Arte Contemporânea do Estado, adquirida em 2019, tem a curadoria da Comissão de Aquisição de Arte Contemporânea 2019/2020, David Santos, Manuel João Vieira, Sandra Vieira Jürgens e Sara & André.

Voltando ao MIAA no que diz respeito à idealização e concretização de um projeto ambicioso começou num dos mandatos de Nelson de Carvalho, atravessou os três mandatos de Maria do Céu Antunes (saiu em 2019 para o governo, tendo sido substituída por Manuel Jorge Valamatos) e foi agora inaugurado por Manuel Jorge Valamatos. Foi mais de 15 anos e com ajustes ao projeto e, acima de tudo, uma alteração grande ao projeto inicial. O arquiteto Carrilho da Graça, presente na inauguração desta quarta-feira deixou vincada essa ideia e alguma pena de não ter sido possível edificar a sua ideia inicial. E voltou a falar dos tempos em que o projeto foi apresentado. A ideia inicial previa um grande cubo a edificar ali, no espaço do Convento de S. Domingos que iria dar corpo ao Museu. E o arquiteto voltou a explicar, afinal de contas, aquilo que pretendeu ao desenhar este Museu, que seria um edifício impactante.

Arquiteto Carrilho da Graça

Com a presença das ministras Graça Fonseca, da Cultura, e Maria do Céu Antunes, da Agricultura e ex-presidente da Câmara de Abrantes, coube a Fernando António Batista explicar o conceito de um “Museu único em Portugal, que mostra a história do país, atravessa toda a nacionalidade até ao presente e futuro”. O museólogo frisou, por diversas vezes, este factor que diferencia o MIAA de tantos outros museus, e explicou o conceito que foi aplicado. No rés do chão encontramos o acervo arqueológico e de arte de Abrantes e uma parte da coleção Estrada, que continua no piso 1. E, é no piso 1, que entramos na contemporaneidade da arte. Entramos na sala permanente de Maria Lucília Moita e nas salas das coleções Figueiredo Ribeiro e de Arte Contemporânea do Estado.

Na visita guiada, Luiz Oosterbeck, conduziu todas as explicações arqueológicas, a sua especialidade. E a riqueza é tal que encontramos peças de ourivesaria, utensílios agrícolas, outros que serviam como reservatórios até à arte da guerra, com as pontas de setas em sílex ou os machados de pedra, passando às espadas, armaduras e elmos.
A coleção de Arte Sacra e esculturas da época romana também foram explicadas por Fernando António Batista Pereira que indicou a descoberta de alguns frescos originais da fundação do Convento de S. Domingos, que ficaram à mostra para poderem ser apreciados.

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, veio inaugurar e, acima de tudo, visitar um Museu que irá fazer parte da Rede Nacional de Museus de Arte Contemporânea de Portugal e que, na abertura acolhe uma exposição do Estado.

A ministra percorreu todos os espaços do MIAA e ouviu todas as explicações sobre as peças expostas, as suas origens, ou as particularidades de algumas. Os curadores de cada um dos espaços foram fazendo a apresentação à comitiva oficial.

Graça Fonseca elogiou o Museu fazendo notar que é um dos exemplos de como a cultura pode vir a dar um impulso a uma comunidade, pois, seguramente, este Museu terá muitos visitantes portugueses e do estrangeiro. E indicou também que é uma mais-valia para a comunidade científica que tem muito trabalho possível nas peças que agora ficam disponibilizadas ao público.

Graça Fonseca, ministra da Cultura

Manuel Jorge Valamatos era um autarca satisfeito e empolgado. A importância do Museu, pelas coleções que agora disponibiliza, mas acima de tudo pelo grande investimento da autarquia era uma das obras que faltava abrir ao público.
E Valamatos não se esqueceu de frisar, no seu discurso os antecessores que lançaram e conduziram o processo do MIAA, Nelson de Carvalho e Maria do Céu Albuquerque.

E depois destacou aquilo que tem vindo a repetir que é a excelência da Rede Municipal de Museus de Abrantes, em que o MIAA assume um papel de liderança e que pode muito vem vir a alavancar os outros. Brevemente o Museu de Arte Contemporânea (MAC) Charter’s de Almeida, o Museu Duarte Ferreira, em Tramagal, e mais recentemente o Panteão dos Almeida, no Castelo de Abrantes. Depois há a Galeria Municipal de Arte, no antigo quartel dos Bombeiros de Abrantes, que vai ser o local de excelência para exposições de artistas locais. E acrescenta ainda o património religioso das igrejas da Misericórdia, S. Vicente e S. João.

Abrantes passa a ter uma oferta cultural enorme e que pode atrair muitos visitantes portugueses e estrangeiros.

O MIAA vai ter entradas gratuitas até março, permitindo que os habitantes de Abrantes e redondezas possam conhecer a arte que ali está disponibilizada. Mas o autarca garante que depois deste período vai ser cobrada uma entrada, mas que a mesma será simbólica, embora necessária para fazer face à despesa que este equipamento cultural acarreta.

Manuel Jorge Valamatos, presidente CM Abrantes

Os anteriores presidentes, Nelson de Carvalho e Maria do Céu Antunes, marcaram presença nesta cerimónia e aos jornalistas a agora ministra da Agricultura destacou a importância deste equipamento, tanto mais que a mudança de estratégia em relação ao projeto inicial foi definida no seu mandato. As questões financeiras estiveram, na altura, em primeira linha para um ajuste necessário à empreitada que, finalmente, viu as portas abertas.

Maria do Céu Antunes, ex-presidente CM Abrantes

Com um investimento global total de 6,3 milhões de euros, o montante suportado pelo Município de Abrantes foi de 3,8 milhões de euros.

A Câmara Municipal contou com um apoio do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) de 2,5 milhões de euros, na obra de requalificação física do convento, cuja empreitada foi de 3,6 milhões de euros, sendo o restante investimento relativo a estudos, elaboração e conceção do projeto, a par de processos de investigação, promoção e divulgação das diversas coleções do acervo.

O MIAA funciona de terça a domingo (10-12:30 e 14:17:30) com encerramento ás segundas-feiras e aos feriados, com exceção do 14 de junho, o feriado municipal de Abrantes. O Município dá ainda nota de que só são admitidas entradas até meia hora antes da hora prevista do encerramento, ou seja, até às 12 e às 17 horas.

 

Fonte da notícia: Jornal de Abrantes