Turismo do Centro está no processo de crescimento e em 2022 chamou 27 milhões de turistas (c/áudio) – Rádio Tágide

Turismo do Centro está no processo de crescimento e em 2022 chamou 27 milhões de turistas (c/áudio)

As Artes e Ofícios enquanto produtos turísticos foi o tema proposto a Pedro Machado, presidente da Turismo Centro de Portugal, para, em Sardoal, poder explanar o trabalho que está a ser desenvolvido nesta região.

E desde logo Pedro Machado garantiu que as artes e ofícios, ou o artesanato, ou ainda o património cultural imaterial vão integrar a presença da Turismo do Centro na Bolsa de Turismo de Lisboa [FIL 1 a 5 março]. E a importância assume um patamar mais elevado porquanto a Turismo do Centro é, este ano, a região em destaque no maior evento de promoção turística do país. Algo que, segundo Pedro Machado, “há uns anos só era possível nas zonas mais turísticas, Algarve ou Madeira, e este ano é o Centro a marcar presença.”

Mas o presidente da Turismo Centro de Portugal começou por frisar o trabalho em parceria que existe com um conjunto de entidades que estiveram presente no seminário promovido pela Tagus. Quer seja com o Centro de Formação Profissional do Artesanato (CEARTE), com as direções gerais e regionais da Cultura e do Património, ou com as autarquias. E neste setor vincou que são 100 os municípios que integram esta região turística.

Pedro Machado revelou que foi feito um questionário nacional para organizar uma agenda para o turismo para 2023 em cinco áreas: ambiente, economia, cultura social e político. E são respostas que apontam o caminho para o mercado interno e também para os 25 mercados internacionais com quem trabalhamos.

E as respostas foram diversificadas, mas dão conta daquilo que são as preocupações do setor. E top 5 das respostas apontaram o seguinte caminho: 16% respondeu que deverá ser feita uma aposta clara na diversidade cultural do país e respeito pela identidade social; 12% adequar a oferta à procura e à diversificação; 12% à desconcentração dos grandes eventos e aposta na qualidade e evitar a generalização; 8% investir na recuperação do património para fins turísticos; e 8% na preservação e valorização do património histórico cultural.

Pedro Machado indicou ainda que Portugal tem nos 22 produtos turísticos que fazemos a promoção internacional. E entre o património e cultura, e a natureza e o mar tem dois dos seus produtos mais maduros.

 

Pedro Machado, presidente da Turismo do Centro

47% viajam com a expetativa de termos um “turismo cultural rico e diversificado”. E acrescentou que hoje, Portugal deixou de ser aquele destino maioritário com dois destinos turísticos que são sol e praia, e depois golfe.

Pedro Machado disse que esta promoção tirava da equação outros produtos, como o vinho, o património e o ativo sendo que com essas apostas havia uma aposta, natural, para uma época do ano o “que aumentava a nossa sazonalidade.”

E essa aposta tirava dos mercados alguns destinos que integram hoje esses 22 produtos turísticos.

E nesta multiplicidade Pedro Machado vincou a necessidade de serem criadas políticas públicas regionais e locais que façam a promoção do artesanato e que estimulem os mercados.

E o presidente da Turismo do Centro trouxe para a sua intervenção uma definição de turismo do professor Augusto Mateus: o turismo é vender o quê, vender a quem, vender onde e vender por quanto. E depois deixou a informação que “se fizer a minha parte coloco por ano 27 milhões de pessoas disponíveis para comprar.” E deixou mais uma nota que em 2022, ano de recuperação, “o turismo deixou em Portugal, em receitas diretas, indiretas e induzidas, 20.8 mil milhões de euros. Numa linguagem mais local implica um PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] por ano”. E se calhar, notou, o que faz mesmo falta são essas políticas públicas.

 

Pedro Machado, presidente da Turismo do Centro

Pedro Machado veio para uma intervenção com muitos números, para acrescentar que o mercado cresce ainda mais se aos 27 milhões de turistas acrescentarmos os 10 milhões de portugueses, passamos para 37 ou 38 milhões de consumidor. E foi mais longe: “se percebermos que estamos num espaço confinado com o nosso primeiro mercado externo que é Espanha, com quem temos boas relações e trabalhamos em parceria, somamos mais 50 milhões de consumidores espanhóis e mais 87 milhões de estrangeiros que entraram em Espanha.” E isto significa, de acordo com o gestor, que este território contíguo, com afinidades, “temos 130 milhões de consumidores neste território.”

O presidente da Turismo do Centro acrescentou que a transformação dos recursos em produtos é a base da cadeia do turismo, que depois soma a dinâmica das instituições públicas, depois numa terceira camada coloca a iniciativa privada (o turismo é por definição uma atividade do setor provado), que junta a quarta camada que são os acessos aos mercados (nacional e internacionais), e a quinta camada que é o saber fazer, que é a formação, a capacitação, as pessoas. “Esta é a roda turismo. E é muito simples.”

Somos um país com três grandes dimensões muito importantes no mercado internacional. Em primeiro lugar é um país seguro, o quarto país mais seguro do mundo para a atividade turística (depois da Islândia, Nova Zelândia e Dinamarca), temos a segunda condição que é a saúde, independentemente das questões internas, que induz com a segurança uma mais-valia para onde é seguro viajar. Depois as duas juntas induzem, de acordo com Pedro Machado, uma característica que é termos coisas fantásticas, mas a hospitalidade portuguesa é um ativo fortíssimo para os mercados internacionais.

O turismo tem dez ativos estratégicos nos quais a Turismo do Centro se posiciona e nos quais se incluem as artes e ofícios. Há cinco ativos endógenos, como o clima e a luz, a natureza e a biodiversidade, a água e o mar, a história e a cultura. Tem depois dois ativos qualificadores: gastronomia e vinhos. E depois as chamadas manifestações artístico-culturais, além dos ativos diferenciadores Portugal quer colocar-se também com estes ativos qualificadores.

E concluiu a dizer que o Turismo pode funcionar como um reposicionamento das artes e ofícios.

 

Pedro Machado, presidente da Turismo do Centro

À margem da sua intervenção neste seminário o presidente da Turismo do Centro referiu que os turistas que “invadem” Lisboa são completamente diferentes daqueles que vêm depois para o interior do país. E explicou que no Centro há expetativa de ter em 2022 mais de 7 milhões de dormidas enquanto só Lisboa tem 12 milhões, ou seja, há uma diferença significativa do número de turistas que chegam a cada uma das regiões. Mas Pedro Machado foi mais longe ao dizer que o turismo de Lisboa está vocacionado para os “city break”, turismo urbano, e o turismo do centro virado para o religioso, para os vinhos, para a saúde e bem-estar, neste último caso com estadias entre 7 a 15 dias, o que não se verifica nos turistas urbanos.

Depois deixou a nota clara que aquilo que é preciso continuar a atrair e fixar os turistas durante mais tempo e a grande vantagem competitiva é a capacidade de responder é a capacidade de responder às novas tendências, mais natureza, mais ativo, mais eco-turismo, mais turismo espiritual, mais saúde e bem-estar. “Acredito que a região centro tem bons indicadores, tem as suas diferenças de outras, mas acredito que vai crescer em 2023”, disse o presidente da estrutura.

Já sobre o estudo que apresentou no seminário Pedro Machado disse que as percentagens globais apontam que a Turismo do Centro ainda está a fazer o seu caminho, a criar e consolidar o seu crescimento. “A Turismo do Centro, como a conhecemos hoje, data de 2013, pelo que é ainda uma vida muito curta.”

Pedro Machado, presidente da Turismo do Centro

A Turismo do Centro abarca uma centena de municípios desde a Ria de Aveiro, passado por Viseu Dão Lafões, Região de Coimbra, Serra da Estrela, Região de Leiria, Médio Tejo, Oeste e Beira Baixa.

Dinamizado pela Tagus – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior, e pelos três municípios da sua área de ação, o projeto AO.RI – Artes e Ofícios do Ribatejo Interior visa a valorização do património identitário dos territórios no âmbito do desenvolvimento local de base comunitário, representando um investimento na ordem dos 72.500 euros, sendo financiado a 85% no âmbito do Programa Operacional do Centro do Portugal 2020 e pelo FEDER – Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional.

Fonte da notícia: Jornal de Abrantes